O Custo da Dopamina: Por Que Nossa Geração Não Lê Mais e Se Sente Cada Vez Mais Ansiosa
- Yan Genial
- 20 de mar.
- 2 min de leitura
Hoje, enquanto meu Uber se arrastava por uma hora, fiquei pensando nisso vindo pra cá, um projeto no Rio Centro. E percebi o seguinte:
Muita gente quer conquistar o mundo, mas se perde na dopamina.
Precisam estar sempre conectados, consumindo conteúdos rápidos, pulando de uma atividade para outra. Não terminam projetos de médio e longo prazo—às vezes, nem têm projetos assim.
Isso me fez refletir: tudo começa com um simples hábito, uma simples cadência, um simples entendimento de que a vida não é tão rápida assim. Vamos viver, em média, de 70 a 80 anos. Durante um tempo, ouvimos que precisávamos fazer tudo para ontem, mas o ontem já passou—e nunca vamos alcançá-lo.
E se eu te disser que esse imediatismo pode estar nos afastando daquilo que realmente faz a diferença a longo prazo?
A Geração que Não Lê
A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2024, revelou que 53% dos brasileiros não leram nenhum livro nos últimos três meses, superando pela primeira vez o número de leitores no país. Além disso, 71% dos brasileiros nunca foram incentivados a ler. Isso mostra um problema profundo: a leitura, um dos hábitos mais poderosos para a construção de conhecimento e pensamento crítico, está sendo deixada de lado.
Por quê? Porque ler um livro exige paciência, tempo e concentração—três coisas que as redes sociais e os conteúdos rápidos têm reprogramado nosso cérebro para evitar.
A Ansiedade Nunca Esteve Tão Alta
Paralelamente, o consumo excessivo de telas e informações fragmentadas tem sido associado ao aumento da ansiedade. Em 2023, 88% dos brasileiros com 10 anos ou mais acessaram a internet, e 98,8% fizeram isso pelo celular. Ou seja, estamos sempre conectados, mas será que estamos realmente absorvendo algo útil?
Essa necessidade constante de estímulo imediato tem um preço: o aumento dos transtornos de ansiedade. Dados apontam que os níveis de ansiedade nunca estiveram tão altos, e muito disso pode estar ligado ao vício em dopamina rápida—curtidas, notificações, vídeos curtos, tudo que dá uma recompensa instantânea, mas que, no fim, nos deixa esgotados e vazios.
O Preço da Falta de Comprometimento
Outro reflexo desse comportamento é a dificuldade em se comprometer com projetos de médio e longo prazo. Estudos indicam que apenas 35% dos projetos iniciados obtêm sucesso, enquanto cerca de 15% são cancelados antes mesmo de serem concluídos. Isso acontece porque o comprometimento exige esforço contínuo, disciplina e paciência—características que a cultura da gratificação instantânea tem enfraquecido.
O Que Podemos Fazer?
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: quando foi a última vez que você começou um livro e, de fato, terminou? Quando foi a última vez que se comprometeu com algo que não traz resultado imediato, mas que no longo prazo pode mudar sua vida?
Acredito que a saída para esse ciclo vicioso é resgatar hábitos que promovam a concentração e o foco. A leitura é um deles, mas também vale estabelecer rotinas, criar metas realistas e entender que nada grandioso acontece da noite para o dia.
A vida não é tão rápida quanto parece. Se quisermos conquistar o mundo, precisamos aprender a desacelerar.




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